Recordações...

Written by magali 3 comentários Posted in:

As férias escolares foram sempre passadas entre a praia e o campo, todos os anos em Agosto iamos à “nossa” terra! Deslocávamo-nos de comboio... a avó preparava tudo com imensa antecipação, na véspera já tinha tudo pronto para o dia seguinte. Apanhávamos muitas vezes o comboio da manhã, e nessa noite, a avó nem dormia preocupada com a chegada a horas, acordava-nos de madrugada, tomávamos o pequeno almoço e lá íamos nós de taxi até à estação de Santa Apolónia. Chegávamos sempre com mais ou menos uma hora de antecedência..., era necessário ficar num bom lugar, perto do sítio onde se punham as malas, para poder estar de olho, uma das muitas recomendações! Normalmente a avó, transportava muitos “malotes”, inúmeros sacos e saquetas com roupa e sapatos para dar lá na aldeia, mercearias para casa, as coisas habituais que se leva numa viagem e a bucha para o caminho caso a fome apertasse, o que acontecia sempre, pois as viagens eram de quatro horas e meia..., isto quando o comboio não se atrasava, o que naquela altura era raro não acontecer! Depois de iniciada a viagem, entretinhamo-nos a ver as paisagens que se iam modificando, as casas, o tipo de vegetação, as cores, o tempo, os túneis, as pontes, os rios... e a ouvir as conversas entre os passageiros e a avó, não havia viagem em que chegassemos ao fim sem ter conhecido alguém... Eu costumava comprar um livro de passatempos com o qual também me entretinha, a mana adorava ir pendurada na janela aberta, com os cabelos ao vento..., a avó estava sempre a recomendar que era perigoso e incomodava os outros passageiros, para vir para dentro, a mana contrariada lá fechava a janela mas quando via a avó distraída, abria-a outra vez! A avó dizia: "se fores capaz de estar sossegada uns minutos, dou-te uns rebuçados!" Só assim é que a avó conseguia fazer com que a mana se mantivesse por ali durante algum tempo! Até porque outra das preocupações da avó era a chegada às diferentes estações, nas quais podiam entrar pessoas e ocupar o nosso lugar, por isso quando andávamos de pé por alguma razão, tínhamos de ir a correr sentar-mo-nos! Como a viagem era longa..., a avó levava sempre um termo com água, umas sandes de queijo e umas peças de fruta que eram descascadas com um canivete pequenino mas que dava imenso jeito! Chegadas ao nosso destino, descíamos do comboio e tinhamos sempre à nossa espera o senhor Canelas, o taxista da aldeia que nos levava para casa e que no caminho ia conversando com a avó e pondo-a a par de todas as novidades! Quando chegávamos à “nossa” terra..., parecia termos chegado a outro país, a paisagem de serra, as cores, a leveza do ar, o cheiro... tão bom! Tenho saudades dessas viagens, quando os tempos eram outros e a idade também!!
Beijinhos,
Magali

3 comentários:

  1. Anónimo

    Bonitas recordações, cheias de nostalgia. Se não te conhecesse diria que contas momentos de à mais de trinta anos atrás, mas afinal não foi assim à tanto tento.

    Beijocas,

    segunda-feira, julho 04, 2005
  2. Anónimo

    Ao ler as tuas palavras tb tive vontade de voltar atrás no tempo.As vivências da infância são sempre aquelas que permanecem na memória. Os avôs moldam-nos muita da nossa personalidade e às vezes nem nos damos conta dos seus pequenos gestos e atitude; coisas simples da vida e que nos fazem sentir tão bem...e só mais tarde apercebemo-nos que eram aqueles momentos, aqueles tempos e gestos que davam o sabor e cor à nossa vida.

    terça-feira, julho 05, 2005
  3. Banita

    Quantas recordações me trazem as tuas palavras... só me lembro daquele refrão dos Xutos,"...e o que foi não volta a ser..."
    Bons tempos Magali!!
    ;)beijo,

    terça-feira, julho 05, 2005