Saudades...

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O meu avô materno era um homem como hoje em dia há poucos... extremamente cavalheiro com todas as mulheres, era um homem à antiga, usava chapéu de abas que tirava às senhoras quando andava na rua, coisas que hoje em dia só se vê nos filmes!! Falava com toda a gente, era extremamente educado! No dia da mulher costumava dar-nos uma florzinha... Era com enorme prazer que passeavamos por V.F.X. na sua companhia, nós tinhamos imenso orgulho nele, e ele orgulho das suas netinhas..., era um avô literalmente babado, costumava ir entre nós e dizer-nos com uma voz carinhosa, "os meus pãezinhos"! Quantas vezes íamos ver onde é que andava enquanto a minha avó esperava com o almoço à mesa..., encontrávamo-lo muitas vezes no jardim da Avenida a ler o Jornal completamente absorvido ou embrulhado em tarefas no colégio! Cumprir horários era complicado..., cada vez que ía apanhar algum transporte, a minha avó apanhava imensas ralações, chegava sempre em cima da hora e muitas vezes tinha de pedir para o comboio esperar! Tinha esse defeito, era muito distraído mas isso era compensado pelas suas muitas qualidades!
A última recordação que tenho dele, foi quando lhe disse que tinha tinha passado no exame de código, estávamos na paragem à espera do expresso para Évora, ficou muito contente... lembro-me como se isso tivesse acontecido ontem... tenho imensas saudades tuas avôzinho!!!
Magali

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É sempre uma coisa que me dá imensa satisfação, regressar ao Alentejo, essa região onde vivi durante sete anos da minha vida, é como apanhar uma lufada de ar fresco!!!! Ainda me lembro de quando fui pela primeira vez para a bela cidade de Évora, estava muito triste de deixar a minha cidade, a minha família, o pé, a mana, ia mesmo com a lágrima ao cantinho do olho pela incerteza do que ia encontrar, pessoas desconhecidas, uma cidade diferente, o ter de viver sozinha e partilhar casa com outras pessoas que podiam ser completamente diferentes... Hoje em dia penso ainda bem que fui, conheci uma cidade linda cheia de cantinhos e recantos que hoje conheço bem, fiz amigos e amigas, pessoas extraordinárias sem os quais hoje era difícil de sobreviver, cresci e aprendi a ver as coisas de outra forma... Foi uma bela etapa da vida da qual restam muitas recordações e felizmente alguns BONS amigos!!! A todos eles quero dizer, ADORO-VOS!!! Muitos Beijihos!!!! Magali

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Mais um ataque

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Hoje fomos novamente surpreendidos por mais um ataque terrorista na Europa, desta vez em Londres. Infelizmente, é a única maneira de chamar a atenção das superpotências, recorrer a estes ataques que fazem um sem número de vítimas, que nada têm a dizer sobre estes problemas político/económico/estratégico mundiais. É tudo uma questão de ver quem tem mais poder, quem comanda tudo, é o negócio do petróleo, o dinheiro, o dinheiro, o dinheiro.. e a ganância de mais dinheiro!! Quando é que temos um planeta mais justo, sim porque quando acabar o petróleo haverá sempre outros recursos naturais passíveis de disputar... E quem é o culpado de tudo isto??? É o Homem, na sua pior faceta, no seu egoísmo, na sua falta de humanismo, na sua sede de PODER!!
Magali

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Os meus avós maternos tinham um colégio, onde havia aulas até à antiga quarta classe. Eu e a mana íamos muitas vezes para lá nas férias escolares da páscoa e também chegámos a ir nas férias grandes. Nessa altura não havia aulas mas os pais deixavam lá os miúdos para passar o dia. Eu e a mana eramos mais velhas do que a maioria dos miudos e para todos os efeitos netas dos donos e quando havia zaragata lá diziam eles: “Vou chamar a neta do senhor Ferreira”. O meu avô era um homem muito respeitado pelos miúdos, talvez por ser um pouco severo, ao mesmo tempo era um homem extremamente bondoso para as crianças, estava sempre a tentar dar-lhes tudo o que achava importante, no fundo talvez os tratasse como se fossem seus netos. Na altura do Natal comprava imensos brinquedos novos para a infantil, os habituais carros para os meninos e bonecas para as meninas, passando por jogos, livros, material para as actividades didáticas, um vez comprou uns colchões todos coloridos que se encaixavam uns nos outros e faziam várias formas, comprava instrumentos para a sala de música, enfim...uma quantidade de coisas. Ao fim de semana eu e a mana pasávamos muitas horas no colégio, nessa altura podíamos desfrutar de tudo o que o avô comprava, era tudo só para nós! Passávamos horas na infantil com os brinquedos, no ginásio, onde andávamos nas argolas a fazer cambalhotas, no pneu onde nos enfiávamos e depois baloiçávamos, na trave, no espaldar ou no parque infantil onde havia os célebres baloiços, o escorrega, as argolas cujo o objectivo era passar por entre as argolas desde lá de cima até ao chão, havia também uma rede esburacada até ao tecto que dava para trepar, umas traves onde dávamos cambalhotas. Íamos muitas vezes para as salas de aula fazer desenhos no quadro e brincar às professoas e aos alunos, uma fazia de professora e outra de aluna. Mas uma das coisas que eu mais gostava era do piano na sala de música, apesar de nunca ter aprendido a tocar. Não havia vez, que eu fosse ao colégio e não corresse para o piano..., dava-me imenso prazer estar ali a tocar umas notas. O meu avô passava muito tempo no escritório que ficava mesmo em fente à sala de música e gostava muito de me ouvir, dizia que eu tinha jeito! Tenho muita pena de nunca ter aprendido a tocar...

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Recordações...

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As férias escolares foram sempre passadas entre a praia e o campo, todos os anos em Agosto iamos à “nossa” terra! Deslocávamo-nos de comboio... a avó preparava tudo com imensa antecipação, na véspera já tinha tudo pronto para o dia seguinte. Apanhávamos muitas vezes o comboio da manhã, e nessa noite, a avó nem dormia preocupada com a chegada a horas, acordava-nos de madrugada, tomávamos o pequeno almoço e lá íamos nós de taxi até à estação de Santa Apolónia. Chegávamos sempre com mais ou menos uma hora de antecedência..., era necessário ficar num bom lugar, perto do sítio onde se punham as malas, para poder estar de olho, uma das muitas recomendações! Normalmente a avó, transportava muitos “malotes”, inúmeros sacos e saquetas com roupa e sapatos para dar lá na aldeia, mercearias para casa, as coisas habituais que se leva numa viagem e a bucha para o caminho caso a fome apertasse, o que acontecia sempre, pois as viagens eram de quatro horas e meia..., isto quando o comboio não se atrasava, o que naquela altura era raro não acontecer! Depois de iniciada a viagem, entretinhamo-nos a ver as paisagens que se iam modificando, as casas, o tipo de vegetação, as cores, o tempo, os túneis, as pontes, os rios... e a ouvir as conversas entre os passageiros e a avó, não havia viagem em que chegassemos ao fim sem ter conhecido alguém... Eu costumava comprar um livro de passatempos com o qual também me entretinha, a mana adorava ir pendurada na janela aberta, com os cabelos ao vento..., a avó estava sempre a recomendar que era perigoso e incomodava os outros passageiros, para vir para dentro, a mana contrariada lá fechava a janela mas quando via a avó distraída, abria-a outra vez! A avó dizia: "se fores capaz de estar sossegada uns minutos, dou-te uns rebuçados!" Só assim é que a avó conseguia fazer com que a mana se mantivesse por ali durante algum tempo! Até porque outra das preocupações da avó era a chegada às diferentes estações, nas quais podiam entrar pessoas e ocupar o nosso lugar, por isso quando andávamos de pé por alguma razão, tínhamos de ir a correr sentar-mo-nos! Como a viagem era longa..., a avó levava sempre um termo com água, umas sandes de queijo e umas peças de fruta que eram descascadas com um canivete pequenino mas que dava imenso jeito! Chegadas ao nosso destino, descíamos do comboio e tinhamos sempre à nossa espera o senhor Canelas, o taxista da aldeia que nos levava para casa e que no caminho ia conversando com a avó e pondo-a a par de todas as novidades! Quando chegávamos à “nossa” terra..., parecia termos chegado a outro país, a paisagem de serra, as cores, a leveza do ar, o cheiro... tão bom! Tenho saudades dessas viagens, quando os tempos eram outros e a idade também!!
Beijinhos,
Magali

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